Diamantes São Eternos… Ou Só Marketing?
A tradição de dar um anel de diamante no pedido de casamento parece coisa de séculos, não é? Pois é… não é.
Michael David Barnes
8 de out. de 2025
2 a 5 min
A tradição de dar um anel de diamante no pedido de casamento parece coisa de séculos, não é?
Pois é… não é.
Na real, essa tradição foi inventada numa sala de reunião, lá pelos anos 1940. E virou cultura no mundo todo.
O Desafio
Nos anos 1930, a De Beers estava mal das pernas. Estoques cheios, demanda em queda, e ninguém via o diamante como algo essencial. Era só mais uma pedra de luxo.
Eles perceberam uma coisa simples: não bastava vender diamante. Era preciso vender significado. Criar uma narrativa tão forte que pedir alguém em casamento sem um diamante seria impensável.
A grande jogada
Em 1947 nasce o slogan: “A Diamond is Forever”.
Curto. Forte. Emocional.
E aí eles vieram com a estratégia:
Amor = diamante
Se você ama de verdade, você prova com um diamante.Hollywood no jogo
Galãs no cinema dando anéis brilhantes. O público olhava e pensava: “é assim que tem que ser”.A regra dos 2 meses de salário
“Um homem deve gastar dois meses de salário em um anel de noivado.” Totalmente inventado. Mas pegou.Joalheiros treinados
Eles não vendiam mais pedra. Vendiam promessas, emoção, eternidade.
O resultado dessa construção de narrativa
Foi um estouro.
Em 1939, só 10% das noivas americanas recebiam anel de diamante.
Em 1990, eram 80%.
Ou seja: a De Beers criou uma tradição do zero. Um código cultural. Quem não dava um anel era visto como alguém sem amor, sem compromisso, até sem respeito.
A parte que pouca gente fala
Os diamantes não são raros. A De Beers controlava a oferta para criar escassez artificial.
Diamantes não são investimento. Saem da joalheria valendo até 50% menos.
Tudo foi narrativa. Eles não venderam pedra. Venderam história.
Marketing que cria cultura
Esse caso mostra como o marketing pode ir muito além da venda.
Eles conseguiram:
Criar uma tradição cultural.
Moldar comportamento social.
Transformar um luxo em obrigação.
Construir um símbolo que até hoje resiste, mesmo quando a verdade já é conhecida.
A lição
Marketing de impacto não é sobre produto. É sobre narrativa. Se a história é forte o bastante, ela vira verdade. E quando vira verdade, atravessa gerações.
Para fechar
Da próxima vez que você vir um anel de diamante, lembra disso: essa “tradição milenar” tem só uns 70 anos. Foi criada por publicitários que tinham uma missão: vender mais diamantes.
E conseguiram tão bem que hoje parece impossível imaginar um pedido de casamento sem um.
Isso é marketing no seu nível mais puro: criar cultura.
Não é só sobre vender. É sobre marcar gerações. Importante não esquecer a ética.